A minha experiência como lojista

Não foi de bom agrado que me meti neste emprego. Fui numa de ter um salário fixo e de procurar algo o mais depressa possível. Estive atrás de um balcão durante 4 meses. Foi o tempo suficiente para perceber que, a minha paciência não era assim tão infinita. 

A primeira coisa que percebi logo no primeiro dia, foi o respeito que ganhei por todas as pessoas que trabalham por detrás de um balcão, seja este qual for. 
Dar os bons dias não custa e esboçar um sorriso também não. Não é fácil lidar com pessoas que se julgam e que mandam na loja mesmo quando não compram nada.

Lá na loja fazemos embrulhos gratuitos. Os clientes agradecem, mas há alguns que abusam da generosidade, ao ponto de comprarem noutras lojas e pedirem para embrulhar na nossa. Há também clientes que reclamam com a cor do papel e com o facto de não termos laços. Tive a sorte de ter uma mulher a reclamar com a forma como embrulhava e outra que me pediu para embrulhar 4 livros de colorir, em separado. 

Mas há clientes que nos agradecem pela nossa sinceridade. Sempre disse, caso não tivéssemos na loja os produtos que os clientes pedissem, eu iria procurar ou indicar outras lojas. Um cliente ligou para a loja a agradecer por isso. Assim vale a pena. 

Houve duas situações que me marcaram pela negativa. Ambas foram trocas. Uma era por um artigo danificado e outra por fora de prazo. No caso da troca fora de prazo, a senhora tratou-te abaixo de cão. Sabem porquê? Porque a política da loja é "Trocas no prazo de 15 dias, incluindo o dia de compra". Já tinha passado um mês. A senhora cheia de manias berrava em plenos pulmões "Incompetente, vaca de merda..." e eu só já mordia a bochecha para não chorar. Calhou ser na hora de entrada da outra colega e esta fez o favor de tratar do assunto da melhor maneira. 
A outra troca também foi entre troca de turnos, mas o homem queria o dinheiro de volta. O homem tratou-nos mal e pediu o livro de reclamações. A responsável de loja ligou para os patrões e estes lá deixaram dar o dinheiro. 
Isto tudo para dizer o seguinte, há regras e são para cumprir. Se querem respeito, respeitem os outros primeiro. Não é a chamar vaca ou incompetente que conseguem as coisas mais rápido, o que vos pode acontecer é termos de chamar o segurança. 

Continuando...

Há horas mortas, e um centro comercial durante a semana depois das 20h, é horrível. Por incrível que vos pareça, quando temos mais pressa para fechar a loja e ir para casa é quando os clientes entram às 22h55 na loja. Pessoal! Só vos tenho a dizer o seguinte, ide à merda! Na minha cabeça só os enxovalhava mas a minha cara mostrava um sorriso "vê lá se te despachas que não tenho a noite toda..." 

Se procuram algo em concreto, peçam ajuda, pois nós servimos para isso. Não é desarrumar tudo e no fim perguntar "Olhe, vocês não têm?". 

Fui-me embora porque surgiu-me um projecto do qual não podia dizer, não mas ainda faço horas aos fins-de-semana. 

Esta experiência tem sido a melhor e a pior da minha vida. 
Sabem uma coisa? Prefiro crianças aos gritos do que pais mal-educados. 

5 comentários:

Cláudia S. Reis disse...

Eu não dava para trabalhe atrás de um balcão. Não sei se teria paciência para as dezenas de pessoas mal formadas que lá aparecem!

anasmileyt disse...

Sem dúvida é muito difícil lidar com pessoas! Eu tenho uma loja aberta e também já tive a minha dose! No entanto, confesso, tenho mais más experiências com crianças do que com adultos! Se bem que acho que isso irá mudar em breve! Mas, mais uma vez, as minhas más experiências com crianças devem-se a pais incompetentes!

Este mundo está perdido, sem dúvida! E estes episódios fazem-nos ter cada vez mais, um pouquinho de crença a menos! :(

Sys Arancia disse...

Nunca trabalhei atrás de um balcão, mas acredito que deve ser preciso paciência de milhões de santos. E as histórias que contaste são inacreditáveis, as pessoas não têm noção da figura que fazem.

Mel disse...

Isto podia ter sido escrito por mim xD Trabalhei na loja do meu pai durante uns bons anos e tive a minha quota de discussões com clientes pelas mais variadas razões: quererem passar à frente no atendimento, quererem fiado, quererem que eu embrulhe tupperwares e rolos para a porta e ficarem danados comigo por eu recusar-me a fazê-lo, etc. Foram momentos muito divertidos.

diario da chris disse...

Pois lidar com o público nem sempre é fácil.. Há pessoas muito boas e fáceis mas há outras que são muito más..
Não é fácil não..